No último sábado tivemos o privilégio de ouvir, e não na rádio, mas pessoalmente, uma das nossas referências (yes!!): a psicóloga Rosely Sayão, também consultora em educação e colunista da Folha de S.Paulo e da Band News. Foi muito bom e enriquecedor ouvir a sua palestra “Educação começa em casa”. O evento lotou o auditório da Ibab (Igreja Batista de Água Branca), organizadora do Fórum de Pais, que reúne pais e educadores com o intuito de discutir assuntos sobre educação de filhos.
Chegamos lá com a expectativa de ouvi-la falar de forma didática e direta, como ela sempre faz, e não foi diferente. Rosely seguiu à risca o título do seu último livro “Educação sem blá-blá-blá” e, realmente, sem rodeios e sem blá-blá-blá, abordou vários assuntos, começando pelo tão usado e abusado NÃO:
O uso moderado do NÃO
Vamos concordar que embora a gente saiba que não devemos usar tantos nãos, na prática nem sempre é fácil, ainda mais quando os filhos são pequenos. Não faça isso, não faça aquilo.... o tempo inteiro recorremos ao não e até de forma automática, no entanto, o fato é que de tanto falarmos essa palavrinha, ela acaba sendo banalizada. Rosely nos chama a atenção e recomenda usarmos o não apenas na hora certa. “Criança de até 3 anos deve ouvir o não em forma de atitude e não com palavras, pois ela ainda não entende o risco de, por exemplo, subir uma escada sozinha. Neste caso, os pais devem impedir que ela suba, seja colocando uma barreira ou estando próxima a esta criança”.
De acordo com a psicóloga, ao invés do não, podemos usar outras duas expressões: ‘ainda não’ e ‘agora chega’. Ainda não está na hora de assistir TV; ainda não está no momento de jogar vídeo game. E, na hora do basta: Agora chega de usar o celular; agora chega de comer doce. “As duas expressões, se ditas com firmeza, devem surtir um efeito positivo”.
Segundo Rosely, a partir dos 11 anos a relação da criança com o não muda, pois ela começa a ter autocontrole e consegue dizer não a si própria. Os pais, em vez de ficar somente no não ou no sim, devem abrir um canal de diálogo e interação com o filho, que passa a compreender melhor os porquês.
Pais, vamos deixar o celular de lado para sermos mais disponíveis aos nossos filhos?
Mamães e papais, um puxão de orelha sobre o uso demasiado da tecnologia. Rosely destacou uma pesquisa realizada no Brasil que aponta um índice de 89% de crianças dizendo que o celular é mais importante para os pais do que os próprios filhos. Então, galera, é hora de prestarmos atenção nas nossas posturas e no relacionamento com os nossos filhos, afinal, como vamos exigir que as crianças não queiram usar o celular o tempo inteiro, se nós mesmos não desgrudamos do aparelho nenhum segundo? Como diz Rosely, “disponibilidade é tudo o que a criança precisa de nós”.
Vamos dar um ZOOM?
“A nossa função na vida das crianças é dar zoom, sempre ampliando as opções”, comentou a psicóloga ao indicar um livro chamado... ZOOM, de Istvan Banyai. E nós (dupla Criando Meninos: Ana e Cris) confessamos que não o conhecíamos, mas já o incluímos na nossa lista de próximas aquisições.
Rosely disse que este é um livro comumente indicado para crianças, mas que ela gosta é de indicar para os adultos, pois ao virar cada página deste livro ilustrado, mas sem texto, é possível dar um zoom surpreendente no que se vê e, assim, ampliar o campo de visão das coisas... depois, fica mais fácil transmitir esse conceito para as crianças.
Princípio da obediência
Para Rosely, precisamos instruir as crianças sobre o princípio da obediência, que consiste em ensinar quem e quando obedecer, distinguindo as situações e principalmente as pessoas a quem nossos pequenos precisam atender.
Outro ponto que ela comenta é sobre a diferença do comportamento das crianças no espaço privado e público. Como pais, sabemos bem que em casa, nossos filhos ficam mais a vontade, afinal de contas, ali é o espaço deles, o porto seguro, e isso é completamente natural, segundo a psicóloga. Mas, é preciso ensinar as crianças a se comportar diferente fora de casa. “As crianças e os jovens precisam aprender que, em casa, são algumas regras e princípios que valem”. Se uma mãe aceita que o filho abra o armário, pegue um pacote de bolacha e coma sem pedir autorização é uma escolha dela dentro de casa. No entanto, quando estiverem no supermercado, essa mãe não pode permitir que o seu filho pegue um pacote na prateleira, abra e saia comendo pelos corredores. O espaço comum tem suas próprias regras e são diferentes das de casa. Portanto, é preciso compreender que o convívio social deve ser respeitoso e civilizado e, para isso, há regras a serem seguidas.
Evitar fazer diagnósticos
São tantos os transtornos diagnosticados em crianças ultimamente que fica difícil lembrar todos os títulos, mas uma questão levantada pela Rosely e tema de um vídeo transmitido durante o evento, é que temos o hábito de rotular demasiadamente as crianças... que são apenas crianças, nada mais.
Claro, não devemos subestimar o assunto e achar que tais transtornos não existem, mas o fato é que alguns comportamentos infantis são característicos da idade e fase pela qual a criança passa. O melhor caminho para os pais é buscar informação e dicas sobre como lidar com cada fase. O que não dá é ficar o tempo inteiro rotulando: você é birrento, teimoso, desobediente.... porque, cuidado, de tanto ouvir, uma hora a criança vai acabar acreditando e a tendência é, de fato, incorporar essa característica.
Regras de ouro
Rosely Sayão destacou alguns pontos que não podem faltar na educação das crianças: paciência, persistência e a transmissão de valores e virtudes fortes e sólidos.
Por fim, ela fez uma comparação incrível entre os “pais GPS” e os “pais bússola”. Pais GPS são aqueles que apontam uma única direção, não oferece alternativa e, mediante determinada situação, adianta-se na solução do problema sem dar a oportunidade ao filho de ao menos pensar a respeito. Já os pais bússola apontam o norte, mas seu filho sabe onde fica o sul, o leste, e poderá, seguramente, tomar a sua decisão e seguir o seu próprio caminho.
Saímos de lá com o zoom aumentado!
Rosely Sayão, obrigada por ampliar o nosso zoom e nos instigar a sermos mães bússola!
Ibab, parabéns pela iniciativa!
E que Deus nos ajude a seguirmos fortes e firmes nesta missão e responsabilidade dada a nós.
Ana e Cris