Terrible two

Como lidar com a fase da “adolescência dos bebês”
De repente, como num piscar de mágica, seu filho começa a te desafiar com um comportamento difícil de entender. E não, não me refiro à temida fase da adolescência, que começa a dar seus sinais por volta dos 10 anos de idade. Na verdade, há quem chame assim, mas neste caso é a adolescência dos bebês, que começa a partir de 1 ano e meio e pode durar até os 4 anos.
Estou começando a passar por essa fase novamente. Aliás, mãe de segunda viagem tem muitas vantagens, e uma delas é ter consciência do que está por vir, não se assustar tanto e saber lidar melhor com situações que são esperadas, como é o caso dos “terrible two”, termo inglês usado para definir a primeira adolescência do bebê, “a terrível fase dos 2 anos”, em que ele passa a contrariar os pedidos dos pais, pois é por volta desta idade que ele passa a se perceber como indivíduo, com vontades e opiniões próprias.
Miguel, o meu caçula, já começou a apresentar os sinais desta fase. Não vou dizer que vou tirar de letra, até porque cada criança é diferente uma da outra, mas a experiência que passei com Gustavo, o mais velho, me deixa mais segura para encarar essa fase agora. Especialistas dizem que toda criança passa por isso, umas com mais intensidade e outras menos, mas todas, de algum modo, vão querer chamar a atenção dos pais e, para isso, utilizam os gritos e a birra como forma de expressão, já que ainda não conseguem exprimir em palavras os seus sentimentos.
Minha experiência com os “terrible two”
Confesso que minha primeira experiência não foi nada fácil. Aliás, só descobri que o Gustavo passava por esta fase quando, ao pesquisar sobre birras, achei conteúdos que abordavam os “terrible two”.
Quando eu engravidei do Miguel, Gustavo estava com 2 anos e 3 meses. As birras aconteciam de vez em quando, as considerava “coisa de criança”, mas foi a partir da minha gestação que as coisas começaram a mudar. No início eu achava que era apenas ciúmes por ele estar sentindo algo novo no ar ao ver a barriga da mamãe crescer, até que li um texto que dizia que um dos motivos que torna a fase dos “terrible two” ainda mais intensa é a chegada de um irmãozinho. E como ele sempre foi muito apegado a mim, acredito que intuitivamente ele já pressentia as mudanças que viriam.
A mudança de comportamento dele foi visível e os meus nove meses de gestação serviram de treinamento, pois não imaginava que a situação poderia piorar. Ele passou a me desafiar, dizia não a tudo, chorava para não sentar na cadeirinha do carro e saia correndo pelo estacionamento (na época eu trabalhava fora e como ele ficava na escola, eu o levava... quantas vezes eu sai correndo atrás dele... e barriguda, hein! lembro do dia em que fiquei exatos 20 minutos tentando sentá-lo na cadeirinha do carro enquanto ele se esperneava), batia quando era contrariado... Enfim, situações que até então eram tranquilas se transformaram em verdadeiros martírios. E como eu enfrentava um turbilhão de hormônios, parece que tudo tomava uma proporção ainda maior. Mas foi com a chegada do irmãozinho em casa que a situação se agravou. A presença daquele novo serzinho era o que faltava para que os “terrible two” viessem à tona com todo o vapor. Me deparei com um ‘adolescente’ que ainda nem havia completado 3 anos, mas que passou a duelar comigo (era a impressão que eu tinha). Também pudera, ele havia acabado de perder parte do seu quarto, da atenção que tinha dos pais, do tempo da mamãe e agora precisava dividir a sua vida com aquele novo integrante da família que em tão pouco tempo ganhou tanta atenção.
Eu só sei que as birras só aumentavam, e quanto mais nervosa eu ficava - com as emoções à flor da pele durante o puerpério (período em que a mulher passa por profundas modificações físicas e emocionais para retornar ao estado pré-gravidez) -, mais ele se rebelava. Contudo, aos poucos, fui me dando conta de que eu devia mudar o meu comportamento diante das birras. Foi quando resolvi colocar em prática algumas das dicas que eu havia ‘estudado’ sobre a dramática ‘adolescência dos bebês'. Passei a respirar fundo antes de conversar com ele, me abaixava ficando à sua altura, fixava os meus olhos nos dele e explicava porque aquele comportamento me desagradava, e de forma muito objetiva, como deve ser com as crianças. Não demorei em perceber a mudança que esta minha atitude impactou positivamente no comportamento do meu menino. Eu estava no caminho certo!
Hoje, posso afirmar que sim, fui profundamente desafiada nesta fase, mas com toda a certeza, até agora, foi o momento que mais me trouxe ensinamentos, sobretudo o de saber que as fases existem, que elas passam e que devemos aprender a lidar com elas. Como pais, o que precisamos é buscar ajuda, seja de outras mães, de livros, pediatras ou psicólogos, e compreender as fases aprendendo a enfrentá-las, cientes de que elas fazem parte do desenvolvimento natural da criança.
Hoje meu caçula, perto de completar 2 aninhos, já começa a, quando contrariado, ficar nervosinho, quer morder, espernear, bater, chutar.... Bom, vamos lá, recomeçar tudo novamente, mas desta vez encarando de uma forma mais consciente esta que é uma oportunidade de, como mãe, compreender o desenvolvimento do meu filho, desenvolver a minha paciência (a alma do negócio) e ajudá-lo a aprender a lidar com limites, regras, e os nãos e as frustrações que surgirão ao longo da vida.
A partir de tudo o que li e do que vivi, preparei uma seleção de dicas para ajudar os pais a passar por essa fase com menos estresse. Lá vai:
  • Paciência, calma e conversa são as palavras de ordem. Procure manter a calma. Sei que nem sempre é possível, mas é um exercício a ser praticado diariamente. Quando sentir que está perdendo o controle, respire fundo e afaste-se para não tomar uma atitude inconsequente. Depois, já mais calma, volte e conversa com a criança.
  • Na hora de conversar, abaixe-se na altura da criança, olhe nos seus olhos e explique objetivamente o que ela fez e porque você desaprova aquela ação.
  • Conversar com a criança antes de sair de casa e explicar o comportamento que você quer que ela tenha é importante. E deixar claro que, em caso de desobediência, você adotará determinada postura (mas pense bem antes de dizer, pois terá que cumprir com o prometido).
  • Não ceda às chantagens, choros e pedidos apenas como forma de acabar com a birra naquele momento. Se você ceder às pressões, ela rapidamente aprenderá de que forma pode conseguir o que almeja.
  • Mude o foco e leve a criança para outro ambiente. Fale de um bichinho que está próximo, de um objeto, mostre um brinquedo (adotei essa prática e tem dado certo por aqui).
  • De você estiver em um lugar público e seu filho insistir na birra, tire-o dali sem demonstrar raiva e leve-o a outro ambiente para conversar (banheiros existem em todo lugar).
  • Fazer birra é uma forma de a criança expressar um descontentamento. Explicar a ela que nós adultos também ficamos tristes, bravos, e que nem sempre teremos tudo o que desejamos, é um bom caminho para se aproximar. Essas são oportunidades de ensinar a criança a lidar com sentimentos inevitáveis que surgirão ao longo da vida, e fazê-la construir uma percepção mais positiva e confiante diante das dificuldades.
  • Na hora da birra, não se deixe influenciar por opiniões alheias, do tipo “nossa, se fosse meu filho....”. Procure agir conforme o seu entendimento como mãe e pai. O importante é buscar informação, trocar experiências com outros na mesma situação e até procurar ajuda de especialistas, se achar necessário.
  • A criança precisa saber que para todo ato tem uma consequência. Então, é preciso seguir a mesma linha de correção e na mesma frequência, sempre! Se hoje você chama a atenção dela, e amanhã ela faz a mesma coisa e você ignora, obviamente ela não entenderá e ficará confusa.
E, por fim, nas horas em que o cansaço bater e você achar que não tem solução, repita, quantas vezes forem necessárias a frase: “paciência, é uma fase e vai passar... paciência, é uma fase e vai passar...”. E acreditem, passa mesmo!

Ana Paula


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