Começamos bem a nossa sessão Relatos de Mães. De forma emocionante e inspiradora, nossa querida amiga Priscila relatou a sua experiência como mãe de um menino mais do que especial.
Obrigada, Pri, por aceitar o nosso convite e compartilhar conosco a sua história!
“Ainda me lembro do dia em que recebi a notícia de estar grávida. Foi um turbilhão de sentimentos: medo, amor, alegria, insegurança. .. tudo junto e misturado. Questionamentos: serei eu boa mãe? Será que ele vai me amar? Vou conseguir dar conta de tudo que uma mãe faz?
Nasceu!!!
Nasceu um filho e nasceu uma mãe.
Ele é lindo! Perfeito como Deus fez! Ali ainda nos primeiros minutos da vidinha dele comecei a ser a mãe que meu filho precisava.
Era tanto amor e cuidado que só de pensar que ele podia não estar bem eu sentia uma dor no peito.
Ele era tranquilo, dormia a noite toda, era risonho e muito fofo.
Eu deixei meu emprego, tranquei a faculdade e fui ser mãe em tempo integral do meu filhotinho.
Como era maravilhoso nosso tempo!
Fazíamos tudo junto. Fomos juntos nos descobrindo.
Com o passar do tempo percebi alguns comportamentos únicos. Lembro que antes de 1 ano eu cheguei a pensar: seria meu filho autista? Comecei a pesquisar, e via alguns comportamentos dele muito parecidos com os de crianças autistas. Procurei por ajuda médica, mas nada foi confirmado.
O tempo foi passando, e agora já era muito visível que ele tinha algo. Procurei outros médicos, e uma fono me disse: sim, acredito que ele seja autista. Como assim? Meu filho?
É tão estranho porque eu sempre soube, mas quando se tem a confirmação, é muito diferente. Todo aquele turbilhão de emoções voltou: medo, amor, insegurança, angústia ... tudo junto e misturado. Questionamentos: saberei lidar com uma criança autista? Será que ele vai me amar? Vou conseguir dar conta de tudo que uma mãe de uma criança autista faz?
Estudos revelam que uma em cada sessenta e oito crianças é diagnosticada com alguma forma de autismo.
Segundo Tatiana Ksenhuk, "O transtorno do espectro autista (TEA) é uma deficiência de desenvolvimento que envolve a interação social, a comunicação verbal e não verbal. As crianças podem se fixar em interesses especiais, e ter ações repetitivas quando estão sobrecarregadas com a entrada sensorial".
Com dois anos e meio meu filho tinha um interesse fora do comum por letras. Ele queria aprender a ler e escrever a todo custo. Dei a ele letras móveis de madeira. Em menos de 6 meses ele já estava lendo e escrevendo. A fala era uma raridade. Apenas aos 4 anos ele começou de fato a se comunicar verbalmente. Quando ele diz mamãe eu me derreto toda até hoje.
Começamos as terapias entre outras técnicas para que ele se desenvolvesse bem.
Nunca deixei de frequentar lugares públicos com ele. Ele adora ir ao cinema, ao MC Donalds, a parques e ao teatro.
É claro que em alguns dias ele dá muito trabalho quando saímos. Mas aprendi a respeitar os momentos dele.
Às vezes, ele só precisa de alguns minutos para se organizar e seguir em frente.
Não é fácil. É preciso muita força e amor para saber conviver com uma jóia tão preciosa.
Hoje ele está com 6 anos. É a criança mais pura e feliz que eu conheço. Está cursando o primeiro ano do ensino fundamental 1. Foi muito difícil encontrar uma boa escola para ele. Graças a Deus encontrei uma escola que o ama e respeita, ele está muito feliz lá e eu também. Quando você diz: autista as escolas não têm vaga ou não estão preparadas.
Eu também não estava preparada para ser mãe de uma criança autista, mas o amor e a nossa convivência dia a dia nos uniu pra sempre.
Termino aqui com uma poesia que escrevi para ele.
"Sua voz é o presente mais lindo que Deus nos deu.
Eu amo ouvir cada palavra, cada som que saia da sua boca.
Te amo meu filho, meu amor mais puro".
Por Priscila A. C.
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